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Sul da Bahia consolida nova cacauicultura

Cultivo contempla inclusão de pesquisas, variedades, diferentes modelos de produção e assistência técnica e novos sistemas de gestão das propriedades

MIRIAM HERMES, em A Tarde Municípios

 

Berço do cacau em terras baianas, a região sul da Bahia se reinventou para implantar a nova cacauicultura, que vem se consolidando com pesquisas, variedades especiais, diferentes modelos de produção e assistência técnica, bem como modernos sistemas de gestão das propriedades.

Dos 423.256 hectares plantados com cacau na Bahia no ano passado,86,4% estavam nesta região. Em 2021 a produção estadual foi de 137.622 toneladas (ton), com valor de produção de R$R$1.820.110, enquanto que a região sul somou 114.792 ton., com valor de produção de R$1.509.259. Os dados são da Supervisão de Disseminação de Informações do IBGE na  Bahia(SDI-BA), que destaca ainda Ilhéus como o município que concentra a maior produção do estado com 8.674 toneladas de amêndoas no ano passado.

Embora o registro oficial das primeiras mudas seja de 1746, o plantio comercial só aconteceu em 1820. Um século depois já era importante produto de exportação. Nas décadas de 1980/90, a doença conhecida como vassoura de bruxa dizimou as plantações e provocou uma crise sem precedentes na região.

Como resultado de uma batalha de décadas somando forças dos entes públicos com iniciativas privadas, a região Sul volta a mostrar sua força com a cacauicultura, que movimenta a economia local e destaca o trabalho de agricultores e demais elos que formam o segmento. “A nova geração de produtores está reorganizando o setor”, disse o assessor especial da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), Thiago Guedes, destacando que muitos são filhos e netos dos antigos cacauicultores que estão inovando e obtendo ótimos resultados. Para ele, que é secretário executivo da Câmara Setorial do Cacau/BA, são fundamentais a introdução de variedades resistentes e de alta produtividade, novas técnicas de cultivo, a disponibilidade de financiamentos e assistência técnica, dentre outras iniciativas que visam requalificar o segmento.

“A Biofábrica de Cacau tem participação ativa neste processo, com pesquisas, produção e distribuição de mudas de variedades resistentes e alta produtividade, principalmente para a agricultura familiar”, afirmou. Engenheiro agrônomo, Guedes salientou que a estruturação da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) na região é outra iniciativa relevante, considerando a importância da cultura do cacau para a conservação de Mata Atlântica no estado.

 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Bahia) tem participação ativa neste processo e dentre outras iniciativas mantém o programa ATeG Cacau que presta assistência técnica e gerencial para 1.600 produtores. Para 2023 a projeção é crescer em 20% o número de propriedades atendidas com acompanhamento por dois anos consecutivos. As visitas dos técnicos são mensais e individuais para acompanhar o aspecto agronômico e gerencial da propriedade, visando melhoria na gestão, produtividade e renda.

 

 

Difusão de conhecimento

Em dias de campo e missões técnicas as novas práticas são difundidas dentro do programa com foco não apenas nos produtores. Neste aspecto o Senar promove diversas capacitações e nivelamentos para técnicos e agrônomos que atendem a cadeia do cacau. O Sistema Faeb/Senar vem contribuindo com as pesquisas da Ceplac para testes de fungicidas contra a vassoura-de-bruxa e, em parceria com outras instituições, participou de um desafio para otimizar o manejo da cabruca. A competição contou com diversas startups que buscaram soluções para tornar mais prático e menos oneroso o inventário florestal. Em parceria com o Centro de Inovação do Cacau (CIC),  o sistema participa de ações de qualidade da amêndoa com treinamento de técnicos sobre a colheita e pós-colheita, que também já tem resultados que estão animando os produtores, que tem valor agregado à sua produção através do processo de beneficiamento.

 

A Indicação Geográfica (IG) Cacau Sul da Bahia existe desde 2018, é administrada por uma associação composta por 20 grupos e atende exigências de consumidores especiais, que não se importam em pagar mais pela garantia de um produto rastreado, obtido com rigor comprovado dentro dos preceitos sociais e ambientais. Embora o serviço não esteja presente em todas as propriedades, o selo de IG agrega valor não apenas às amêndoas, mas também nos chocolates especiais produzidos na região, que já soma mais de100 marcas.

No processo de aprimorar a qualidade da produção baiana de cacau, a Secretaria de Desenvolvimento Rural(SDR) tem um trabalho voltado para as pequenas propriedades, que representam 78,8% da produção estadual da fruta, pois das 699.022 propriedades rurais com cacau na Bahia no Censo Agropecuário de 2017(último censo do IBGE do setor), 54.421 eram da agricultura familiar. De acordo com o titular da SDR, Jeandro Ribeiro, depois da crise do setor deflagrada com a vassoura-de-bruxa, aconteceu uma grande revolução dentro da atividade, “e hoje temos quase seis mil assentados produzindo cacau na região”, afirmou, salientando que as pequenas propriedades são agora protagonistas na cultura, onde antes eram predominantes as grandes propriedades.

Osaná Nascimento e Jeandro Ribeiro, da SDR

Ribeiro pontuou ainda os esforços estratégicos para continuar a alavancagem do setor, citando os programas Cacau Mais e o Aliança Produtiva, bem como o Assistência Técnica e Extensão Rural( Ater) lançado em edital que vai possibilitar acompanhamento de aproximadamente 10 mil famílias, com recursos da ordem de R$ 50 milhões”. A nova cacauicultura baiana, segundo a presidente da Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba), Carine Assunção, tem transformado a realidade das pequenas propriedades que trabalham no sistema de agricultura familiar. Atualmente a entidade, dona da marca Natucoa, comercializa como carro chefe as barras de chocolate artesanal com amêndoas e frutas da região. Também produz cerveja, nibs, licor, mel de cacau, café gourmet e chocolate em pó, com vendas do próprio portal, e em uma rede de lojas físicas em cidades baianas, Natal (RN) e na região Sudoeste como Rio de Janeiro e São Paulo.

Carine Assunção

“Recebemos apoio em todas as etapas da cadeia produtiva”, revelou Assunção, acrescentando que é imprescindível o estimulo para a presença dos empreendimentos deste ramo em eventos como feiras e festivais que propagam os produtos à base de cacau. “Temos bons resultados nestas oportunidades com vendas e contatos com parceiros”, disse, destacando que este trabalho dá visibilidade às marcas baianas e é possível explicar para os consumidores como seu chocolate é produzido e porque tem preço diferente de grandes marcas, “o que ainda é um grande desafio”, asseverou.

Outro aspecto positivo e que contribui para a divulgação dos chocolates é a participação em concursos nacionais e internacionais com grande aceitação e excelentes resultados para as guloseimas baianas.

 

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