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Perspectiva para a safra intermediária de cacau na África

Queda na produção deve manter preços elevados

A safra intermediária de cacau na África Ocidental, que se estende de abril a setembro de 2025, inicia-se sob expectativas cautelosas. Os quatro principais produtores africanos – Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões – enfrentam desafios significativos decorrentes de clima irregular, doenças nas plantações e questões logísticas. Ao mesmo tempo, a oferta apertada mantém os preços do cacau em patamares elevados, repercutindo no mercado global e nas políticas locais. A seguir, detalhamos a situação por país, abrangendo estimativas de produção, impactos climáticos, incidência de doenças, logística/exportações e as expectativas de preços e do mercado.

Costa do Marfim

Estimativas de Produção da Safra Intermediária

A Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, deverá ter uma forte queda na produção da safra intermediária de 2025. Estimativas de exportadores e contadores de vagens indicam uma colheita de apenas 280 a 300 mil toneladas de abril a setembro, cerca de 40% abaixo do colhido na safra intermediária passada (aproximadamente 500 mil toneladas) . Nos últimos 10 anos, o país produziu em média 550 mil toneladas nessa safra de meio de ano , evidenciando o quão abaixo do normal se espera que seja a colheita atual. Com essa redução, a produção total da temporada 2024/25 deve ficar em torno de 1,75 milhão de toneladas, similar ao volume decepcionante da temporada anterior e bem aquém dos níveis recordes de alguns anos atrás .

Condições Climáticas e Impactos

As condições climáticas adversas são o principal fator por trás da perspectiva fraca. Uma estiagem prolongada e atípica atingiu as regiões produtoras marfinenses de novembro de 2024 até o início de 2025, com chuvas muito irregulares e abaixo da média  . Produtores relatam que as precipitações esparsas não foram suficientes para o bom desenvolvimento das vagens, e a falta de chuvas abundantes nas próximas semanas pode agravar as perdas na safra intermediária . As temperaturas elevadas do fim da estação seca enfraqueceram as árvores e colocam em risco os frutos jovens, exigindo um retorno rápido das chuvas para evitar danos maiores . Segundo um exportador, a seca excepcionalmente longa teve consequências catastróficas na frutificação do cacau este ano . Devido ao déficit hídrico, a formação de vagens atrasou-se: flores e pequenos frutos (“cherelles”) só começaram a aparecer em quantidade mínima no final de março, quando já deveriam estar bem desenvolvidos . Isso significa que a colheita iniciará com atraso significativo, devendo ganhar ritmo apenas a partir de junho , prolongando o período de baixo volume disponível no início da safra intermediária.

Incidência de Doenças nas Lavouras

Além do clima, a sanidade das plantações é uma preocupação crescente. A Costa do Marfim enfrenta uma disseminação alarmante do vírus do inchaço do cacaueiro (CSSV). Fontes do Conselho do Café-Cacau (CCC) estimam que cerca de metade de todas as áreas cacaueiras do país estão infectadas por essa virose incurável . Essa doença viral, transmitida por insetos, pode reduzir a produtividade em até 50% em dois anos nas áreas afetadas . Ou seja, mesmo que as condições climáticas melhorem, a capacidade de recuperação da produção marfinense fica limitada pelo impacto persistente do CSSV nas plantações. Por outro lado, a seca severa nos últimos meses freou a incidência de fungos como a monília/podridão-preta (que prolifera em ambientes úmidos), mas caso as chuvas retornem de forma intensa, há risco de surtos dessa doença fúngica atacarem as poucas vagens em desenvolvimento. Em síntese, a combinação de clima adverso e pressão de doenças sugere uma safra intermediária aquém do potencial, dificultando a recuperação rápida dos cacaueiros.

Logística e Exportações

Com a oferta reduzida e atrasos na colheita, espera-se que a logística de escoamento do cacau marfinense seja impactada neste período. Tradicionalmente, os portos de Abidjan e San Pedro exportam volumes significativos de cacau durante a entressafra, mas em 2025 a movimentação inicial será fraca. Exportadores relatam que os primeiros carregamentos da safra intermediária chegarão com atraso considerável aos portos, devido à escassez de grãos prontos para colher no início de abril . De fato, muitos agricultores não terão produto para entregar no começo da temporada (apenas “um ou outro cacau” disponível), situação bem diversa do normal . Isso pode levar a um vazio temporário no fluxo de exportação entre abril e maio, até que a colheita ganhe ritmo no meio do ano. Por precaução, as autoridades marfinenses adotaram medidas para gerenciar a oferta restrita: o órgão regulador (CCC) chegou a restringir as vendas antecipadas e exportações da próxima safra principal, planejando cortar o volume de contratos de exportação em cerca de 400 mil toneladas para 2025/26  . Essa iniciativa visa evitar sobrecarga de compromissos de venda diante de dois anos seguidos de queda produtiva. Do lado interno, o governo aumentou o preço mínimo para o produtor (ver adiante), o que pode reduzir o contrabando de grãos para países vizinhos. No geral, os exportadores deverão lidar com intervalos mais longos de ociosidade e escalonamento de embarques, ajustando cronogramas de navios à menor disponibilidade de cacau no início da safra intermediária.

Expectativas de Preços e Resposta do Mercado

A forte contração na oferta da Costa do Marfim – somada aos problemas em outros países – está mantendo os preços internacionais do cacau em alta. No final de março de 2025, os contratos futuros de cacau já operavam próximos aos maiores valores em uma década, após a disparada no fim de 2024 . Em abril, com sinais de safra intermediária fraca, as cotações voltaram a subir: no dia 2 de abril, os futuros em Nova York saltaram ~9%, atingindo máximas de 1 mês, justamente pela preocupação com a escassez de grãos na entressafra . Analistas indicam que as chuvas tardias e insuficientes limitaram o desenvolvimento da safra, conforme mostraram levantamentos de campo na Costa do Marfim e em Gana, surpreendendo negativamente o mercado . Estimativas apontam que o mid-crop marfinense pode ficar em torno de 400 mil toneladas, cerca de 9% abaixo do ano anterior  – esse número ainda é menos pessimista que o citado por exportadores locais, mas reforça a tendência de baixa oferta. Diante desse cenário, o governo respondeu elevando o preço garantido ao produtor: a partir de abril, o farmgate price na Costa do Marfim foi fixado em 2.200 FCFA por quilograma, um aumento de 22% em relação à safra anterior . Essa elevação recorde (aproximando o preço interno de US$3,65/kg) tem dupla motivação: repartir com os agricultores os ganhos do cacau valorizado e incentivá-los a manter os tratos culturais, ao mesmo tempo em que se busca amortecer pressões políticas antes das eleições locais . Apesar do alto custo para os compradores, a medida deve trazer alívio financeiro aos produtores marfinenses, cujo poder de barganha vinha sendo erodido pela baixa produção. No mercado internacional, a perspectiva de oferta apertada na entressafra sustenta preços firmes no curto prazo. Entidades como a Organização Internacional do Cacau (ICCO) chegaram a projetar um pequeno superávit global em 2024/25 (em torno de 142 mil toneladas) , contando com recuperação de produção em alguns países. Contudo, essas projeções podem ser revisadas para déficit caso se confirmem as quebras na Costa do Marfim e Gana. Em suma, espera-se que os preços se mantenham elevados durante a safra intermediária de 2025, o que beneficia as economias dependentes do cacau em termos de receita de exportação, mas também pressiona a indústria e consumidores com custos historicamente altos.

Gana

Estimativas de Produção da Safra Intermediária

Em Gana, segundo maior produtor mundial, a safra intermediária de 2025 (conhecida localmente como light crop) também deve ser muito aquém do normal. Analistas de mercado reduziram drasticamente as previsões para a produção desse período: de uma estimativa inicial em torno de 150 mil toneladas, projeta-se agora apenas 25 mil toneladas na colheita de abril a setembro . Esse volume é extremamente baixo – para comparação, representa apenas ~5% do que Gana colhia em temporadas recentes contando safra principal + intermediária (que juntas costumavam superar 800 mil toneladas). O colapso na entressafra reflete os graves problemas enfrentados desde o ciclo anterior. A produção total de cacau ganense despencou para apenas 422–425 mil toneladas em 2023/24, o menor nível em 22 anos . Para 2024/25, autoridades locais chegaram a estimar uma recuperação para cerca de 650–700 mil toneladas , apoiada em melhorias no manejo agronômico. De fato, no início da safra principal (final de 2024), produtores observaram ganhos de produtividade com podas eficazes e insumos aplicados no tempo correto . Porém, a melhora projetada pode não se materializar plenamente devido aos entraves que persistem na safra intermediária. Diante das perdas esperadas no mid-crop, alguns analistas internacionais mantêm projeções conservadoras – o ICCO, por exemplo, calcula que a produção total de Gana permaneça em torno de 500 mil toneladas em 2024/25, similar ao ciclo anterior . Em resumo, embora haja esforços para reverter a trajetória de declínio, Gana deve encarar mais uma entressafra de baixa produção, limitando a recuperação anual do país.

Condições Climáticas e Impactos

Assim como na Costa do Marfim, condições climáticas adversas prejudicaram a safra de cacau em Gana. No ano passado, o país enfrentou períodos de chuvas excessivas seguidos de estiagem severa, um vaivém climático que afetou o desenvolvimento das plantações. No início de 2024, chuvas intensas pontuais provocaram alagamentos e umidade excessiva, cenário propício a doenças fúngicas . Já entre o final de 2024 e início de 2025, verificou-se um tempo seco prolongado, com a influência dos ventos Harmattan reduzindo a umidade e derrubando flores e pequenos frutos. Esse padrão climático errático resultou numa principal encurtada (muitas lavouras encerraram a colheita mais cedo) e comprometeu a formação do cacau da entressafra. Produtores ganenses reportam que a falta de chuvas consistentes durante a fase de frutificação do mid-crop levou a baixa carga de vagens nas árvores neste início de abril. Embora algumas regiões tenham recebido precipitações moderadas em março, foi possivelmente tarde para salvar grande parte da produção intermediária. A expectativa é de pouco cacau disponível para colheita até pelo menos junho, similar ao que ocorre na Costa do Marfim. Em suma, eventos climáticos extremos – da chuva excessiva à seca intensa – têm dificultado uma retomada da produtividade em Gana, impondo desafios tanto na prevenção de doenças quanto na conservação dos frutos.

Incidência de Doenças nas Lavouras

Gana enfrenta uma crise fitossanitária sem precedentes em suas lavouras de cacau. O país é duramente atingido pela doença do vírus do inchaço dos brotos (CSSV), que se espalhou amplamente. Um relatório da ICCO indica que impressionantes 81% das plantações de cacau em Gana estão infectadas com o CSSV . Essa disseminação massiva ajuda a explicar a forte redução da colheita recente – muitas áreas tiveram de ser erradicadas ou apresentam produtividade muito baixa após infecção. O governo, via Cocobod, vem implementando programas de corte e replantio de árvores doentes, mas a renovação dos cacaueiros leva tempo até produzir efeito. Além do vírus, doenças fúngicas também têm afetado as plantações. Em 2023, após chuvas anormais, houve surtos de podridão-parda (black pod) em algumas regiões, que destruíram vagens principalmente em plantações com manejo deficiente. Por outro lado, a posterior falta de chuvas reduziu a incidência de fungos, mas trouxe suas próprias consequências negativas. Esse “cobertor curto” entre seca e umidade deixou os agricultores em constante alerta: quando chove, combatem fungos; quando seca, lidam com perda de flores e risco de queimaduras nas plantas. Outro fator agravante em Gana foi a redução no uso de fertilizantes e fungicidas nos últimos anos, seja por dificuldades financeiras dos produtores ou atrasos na distribuição estatal. Há sinais de melhora nesse ponto – a Cocobod informou que nesta temporada conseguiu disponibilizar mais inseticidas e insumos aos agricultores, visando controlar pragas e doenças . No entanto, o efeito desses esforços ainda é limitado frente à escala do problema. Em suma, Gana está lutando contra uma convergência de problemas fitossanitários, liderados pelo CSSV, que continuam a deprimir o potencial produtivo, especialmente na safra intermediária quando as plantas já estão fragilizadas pelos estresses anteriores.

Logística e Exportações

A escassez de cacau em Gana vem tendo impactos diretos na logística e no cumprimento de contratos de exportação. No ciclo passado, o país enfrentou uma crise de abastecimento tão severa que a Cocobod precisou adiar a entrega de centenas de milhares de toneladas aos compradores internacionais. Em meados de 2024, apurou-se que Gana deixaria de entregar cerca de 350 mil toneladas de cacau prometidas naquela temporada, rolando esse volume para a próxima safra, devido à falta de produto disponível  . Esse montante equivale a aproximadamente metade da produção ganense esperada e evidenciou o grau do déficit. A situação resultou em quebras de contratos e na utilização de estoques internos, abalando a credibilidade do suprimento ganense no mercado. Para 2024/25, com expectativa de alguma recuperação, Gana planejava normalizar as exportações, mas a frustração da safra intermediária lança dúvidas. Se a colheita de meio de ano for de fato mínima, a Cocobod pode novamente enfrentar dificuldades para cumprir os embarques agendados para os próximos meses. Um ponto positivo é que, diferentemente do ano anterior, a autarquia desta vez vendeu menos cacau antecipadamente, adotando uma postura mais cautelosa. Ainda assim, empresas de trading mantêm atenção redobrada: traders relataram que Gana pré-vendeu cerca de 785 mil toneladas para 2023/24, mas só conseguiu entregar em torno de 435 mil   – esse hiato criou perdas e aumento de custos para as tradings envolvidas. Agora, espera-se maior conservadorismo nos volumes comercializados antecipadamente até que a produção efetiva se confirme. Outro desafio logístico tem sido o contrabando de cacau das áreas fronteiriças: nas últimas safras, milhares de toneladas de cacau ganense atravessaram ilegalmente para a Costa do Marfim, em busca de preços melhores . Isso não apenas reduz as entregas nos portos de Tema e Takoradi, como distorce as estimativas de oferta. Em resposta, o governo intensificou a vigilância nas fronteiras e ajustou os preços internos para desestimular o contrabando (ver seção de preços). Apesar desses percalços, Gana segue sendo um fornecedor chave: espera-se que as exportações se retomem gradualmente caso a safra principal 2025/26 tenha melhoria. No curto prazo, entretanto, o mercado internacional continuará sentindo a ausência de cacau ganense no volume habitual, forçando fabricantes a buscarem origens alternativas ou a utilizar estoques estratégicos.

Expectativas de Preços e Resposta do Mercado

Os problemas de produção em Gana foram um fator central para a alta global dos preços do cacau no último ano. Com a oferta ganense caindo quase pela metade, o déficit no mercado intensificou-se e empurrou as cotações a patamares históricos. No final de 2023, os embarques de cacau de Gana estavam cerca de 50% abaixo do ano anterior, enquanto os da Costa do Marfim caíam mais de 35% – essa queda simultânea dos dois líderes gerou uma disparada nos preços, atingindo picos não vistos em 46 anos . Em 2024, a cotação internacional chegou a superar US$ 3.600 por tonelada, tornando o cacau mais caro que o próprio cobre em certo momento . Diante dessa realidade, o governo de Gana tomou medidas para proteger seus produtores e recuperar produção. Uma das principais ações foi o aumento do preço interno pago ao agricultor: o Conselho do Cacau elevou o preço mínimo na abertura da safra 2024/25 em quase 45%, para 48.000 cedis por tonelada (cerca de US$ 3.000/t) . E em novembro de 2024, numa iniciativa inédita, Gana subiu o preço novamente no meio da safra, fixando em 49.960 cedis/t o pagamento ao produtor . Esse duplo reajuste – justificado pela necessidade de desencorajar o contrabando e apoiar os agricultores após perdas enormes – aumentou significativamente a renda do produtor ganense. Ainda assim, o valor doméstico em Gana permanece ligeiramente inferior ao preço garantido na Costa do Marfim (o que continua estimulando a saída ilegal de grãos, ainda que em menor escala). Para o mercado global, a continuidade de uma oferta restringida por parte de Gana significa que os preços devem permanecer em níveis altos no curto e médio prazo. Grandes processadores e fabricantes monitoram especialmente se Gana conseguirá atingir as metas otimistas de produção no próximo ciclo; caso contrário, o suprimento seguirá pressionado. Por outro lado, existem sinais de alívio a longo prazo: a melhora de práticas agrícolas, a renovação de pomares doentes e investimentos em insumos podem levar Gana a uma recuperação gradual nos próximos anos . A estimativa de 700 mil toneladas em 2024/25, embora talvez inexequível, indica a direção dos esforços. Em resumo, a resposta do mercado inclui prêmios elevados para o cacau ganense (dada a escassez) e incentivos financeiros internos para restaurar a produção. Gana continuará no foco dos formadores de preço – qualquer variação positiva ou negativa na sua safra intermediária influenciará prontamente as cotações internacionais e o comportamento dos participantes do mercado de cacau.

Nigéria

Estimativas de Produção da Safra Intermediária

A Nigéria, terceiro maior produtor de cacau da África, busca aumentar sua participação no mercado em meio à crise de oferta dos vizinhos. Para a safra 2024/25, o governo nigeriano estabeleceu uma meta ambiciosa de 500 mil toneladas produzidas (safras principal + intermediária) , o que colocaria o país entre os quatro maiores do mundo. Embora analistas duvidem que esse patamar seja atingido já neste ciclo, espera-se sim um crescimento moderado na produção nigeriana. Em 2023, a Nigéria colheu cerca de 280 mil toneladas . Para 2024/25, projeta-se algo em torno de 300 mil toneladas (+7%) caso as condições climáticas e de mercado se mantenham favoráveis . Especificamente na safra intermediária (aproximadamente maio a agosto, já que o pico da colheita nigeriana costuma ocorrer um pouco mais tarde), as últimas previsões indicam um ligeiro decréscimo em comparação ao esperado inicialmente: consultorias internacionais ajustaram a estimativa do mid-crop da Nigéria de 90 mil para cerca de 76,5 mil toneladas . Ou seja, ainda um volume relativamente modesto, porém sem a queda drástica observada em Costa do Marfim e Gana. Esse ajuste para baixo reflete alguns impactos climáticos recentes (um período seco curto no início do ano), mas no contexto geral a Nigéria deve manter sua produção estável ou em leve alta. A robustez da safra principal colhida no fim de 2024 e início de 2025 compensou eventuais perdas na entressafra. Com isso, a Nigéria consolida-se como um fornecedor secundário de importância crescente – seus grãos podem ajudar a suprir parte da lacuna deixada pelos líderes africanos durante a entressafra de 2025.

Condições Climáticas e Impactos

A zona cacaueira nigeriana situa-se no sudoeste do país, abrangendo estados como Ondo, Cross River e Edo, e em 2025 as condições climáticas nessa região foram menos extremas do que em outras partes da África Ocidental. Enquanto Costa do Marfim e Gana sofreram com estiagem prolongada, a Nigéria teve um início de estação chuvosa mais pontual. Em fevereiro de 2025, por exemplo, produtores relataram chuvas precoces no cinturão do cacau, o que ajudou a umedecer o solo e favorecer a formação de vagens para a safra leve . Esse adiantamento das chuvas contribuiu para perspectivas otimistas quanto ao mid-crop, evitando a floração em condições totalmente secas. No entanto, não ficou totalmente imune às variações: houve também um período de calor intenso e tempo seco em janeiro, que pode ter afetado algumas áreas. De modo geral, pode-se dizer que o clima foi relativamente mais equilibrado na Nigéria – sem grandes enchentes ou secas recordes. Isso se reflete na expectativa de produção intermediária apenas ligeiramente reduzida. Importante notar que, embora a Nigéria esteja “poupada dos piores efeitos das mudanças climáticas até agora”, segundo especialistas , a expansão futura da cultura precisará lidar com riscos ambientais. A conversão de mais terras para cacau (visando atingir as metas oficiais) pode implicar desmatamento e maior exposição a eventos climáticos extremos. Por ora, na safra de 2025, o país parece ter escapado do grosso da adversidade climática, o que lhe permite beneficiar-se dos preços altos com uma oferta relativamente estável.

Incidência de Doenças nas Lavouras

No quesito fitossanitário, a Nigéria vem enfrentando os desafios tradicionais da cacauicultura, porém sem nenhuma epidemia devastadora reportada recentemente. Diferentemente de Gana e Costa do Marfim, onde o vírus do CSSV se espalhou amplamente, na Nigéria a incidência dessa doença viral é mais localizada. Isso não significa que esteja livre de riscos: autoridades agrícolas monitoram de perto quaisquer focos de CSSV para evitar sua propagação. Além disso, pragas e doenças fúngicas exigem manejo constante. Agricultores nigerianos lidam regularmente com infestação de mirídeos (percevejos sugadores) que danificam as plantas, bem como com a podridão-preta nas vagens durante períodos úmidos. Em finais de 2023, quando ocorreram chuvas fortes, registrou-se aumento de casos de fungos em algumas fazendas, embora longe de dizimar a safra. Organizações como o Cocoa Research Institute of Nigeria fornecem orientação em boas práticas, e há esforço crescente em distribuir mudas mais resistentes e insumos aos produtores. Um fator benéfico é a relativa juventude de parte dos cacauais nigerianos em comparação aos vizinhos – após anos de menor destaque do cacau, projetos de revitalização plantaram novas áreas, que agora entram em produção. Árvores mais novas tendem a ser mais produtivas e menos suscetíveis a certas doenças (embora ainda vulneráveis se faltarem cuidados). Em resumo, a sanidade do cacau na Nigéria está sob controle moderado: os produtores enfrentam as doenças endêmicas típicas, mas não há notícia de perdas extraordinárias por pragas ou patógenos na safra intermediária atual. Isso contrasta com a situação crítica de Gana/Costa do Marfim e permite à Nigéria manter uma oferta consistente.

Logística e Exportações

No front logístico, a Nigéria aproveita a janela de oportunidade para ampliar suas exportações de cacau. Dados oficiais mostraram que as exportações nigerianas de cacau em janeiro de 2025 saltaram +27% em relação ao ano anterior, alcançando cerca de 46.970 toneladas no mês . Esse aumento expressivo indica que os compradores globais passaram a buscar mais cacau nigeriano, diante da escassez nos países vizinhos. Ao contrário de Gana e Costa do Marfim – onde os governos fixam preços e controlam vendas antecipadas – o mercado nigeriano é liberalizado, com preços seguindo a oferta e demanda. Isso permitiu que comerciantes privados aproveitassem rapidamente o rally dos preços para vender mais volume. Internamente, a infraestrutura de transporte do cacau ainda enfrenta desafios, como estradas precárias ligando as áreas rurais aos portos de Lagos e Calabar. Porém, nenhuma restrição logística grave foi relatada até o momento para 2025: os fluxos de cacau escoam normalmente e até em maior frequência. Com os altos preços, até empresas estrangeiras têm investido em capacidade de processamento local e armazenamento na Nigéria  , o que sugere confiança na continuidade do negócio. Um possível gargalo a observar é a regulamentação de importadores internacionais – por exemplo, as novas regras da UE contra desmatamento e trabalho infantil podem exigir rastreabilidade e reduzir a aceitação de cacau nigeriano se não houver conformidade. Contudo, a curto prazo, o principal limitador para as exportações nigerianas é mesmo o tamanho da safra. Caso a Nigéria conseguisse produzir muito mais, existe demanda para absorver, mas isso leva tempo. Por ora, o país se consolida como fonte secundária, preenchendo parte das lacunas. Em suma, a logística nigeriana de cacau em 2025 está operando em plena capacidade, beneficiada pela demanda aquecida e sem os solavancos vividos pelos vizinhos em termos de atrasos ou cortes de contratos.

Expectativas de Preços e Resposta do Mercado

A conjuntura atual elevou o perfil da Nigéria no mercado de cacau – e o país busca capitalizar essa oportunidade. Com os preços internacionais orbitando máximas históricas (entre US$8.000 e 12.000 por tonelada em diferentes mercados recentemente)  , os agricultores nigerianos estão obtendo remunerações sem precedentes por suas amêndoas. Representantes do setor afirmam que “os produtores nunca viveram tempos tão bons”, graças ao boom de preços . Diferente dos colegas da Costa do Marfim e Gana, os cacauicultores nigerianos não têm preço fixo governamental – eles estão expostos às oscilações internacionais, o que neste momento significa ganhos elevados . Isso já estimulou movimentos importantes: muitos agricultores que antes priorizavam outras culturas ou atividades estão retornando ao cacau, expandindo áreas plantadas para aproveitar os preços favoráveis . Investidores e instituições (inclusive estrangeiras, como a agência britânica de fomento) estão injetando recursos em empresas de cacau na Nigéria, antecipando lucros neste ciclo de alta . Dessa forma, a resposta local ao mercado tem sido uma expansão de oferta motivada pelo preço – uma dinâmica clássica, porém que contrasta com a capacidade limitada de reação em Gana/Costa do Marfim (onde a falta de produtividade não permite aproveitar plenamente os preços recordes). Em termos de expectativa, a Nigéria vislumbra ganhos de participação de mercado. Ainda que não alcance a meta oficial de 500 mil toneladas imediatamente, o país pode subir no ranking global se mantiver crescimento enquanto outros caem. O setor também observa que, a longo prazo, preços poderão recuar conforme a oferta global se reequilibra  . Mas no horizonte de 2025 isso parece distante – o cacau provavelmente seguirá valorizado devido aos déficits acumulados. Assim, a Nigéria tende a manter sua estratégia agressiva: apoiando produtores a plantar mais e vendendo o máximo possível enquanto o ciclo de alta durar. Em síntese, o país se coloca como “vendedor aproveitador” neste momento de mercado, usando o faturamento extra para impulsionar seu setor cacaueiro e quem sabe desafiar, em alguns anos, a primazia dos gigantes tradicionais  .

Camarões

Estimativas de Produção da Safra Intermediária

Os Camarões, atualmente o quarto maior produtor de cacau do mundo, entram em 2025 com uma posição relativamente sólida e estável em termos de produção. Diferente de seus vizinhos do oeste, os Camarões não sofreram perdas tão acentuadas recentemente – em 2023, a produção até apresentou ligeiro aumento de +1,2%, alcançando cerca de 266.700 toneladas no ano safra 2023/24 . Para a temporada 2024/25, as autoridades camaronesas manifestaram confiança na manutenção ou melhoria desse patamar. O país inaugurou a nova safra em agosto de 2024 com tom otimista, esperando seguir no embalo da anterior e consolidar sua reputação de cacau de alta qualidade . O governo fixou uma meta próxima de 300 mil toneladas anuais nos últimos anos , volume que ainda não foi totalmente alcançado mas permanece no horizonte. No que tange à safra intermediária (abril-setembro de 2025), vale notar que o regime de colheita nos Camarões é um pouco diferente: a colheita principal ocorre entre outubro e janeiro, mas há uma segunda colheita menor entre meados do ano (às vezes chamada de safra leve). Espera-se que a contribuição dessa entressafra camaronesa se mantenha próxima do normal ou levemente maior que 2024, uma vez que as condições das plantações são consideradas boas. Não há números oficiais discriminados por safra, mas com a produção anual prevista estável, podemos inferir que o mid-crop camaronês de 2025 deve ficar na faixa de 50–80 mil toneladas (as colheitas intermediárias típicas representam ~20–30% do total anual nos países da região ). Em suma, Camarões projeta uma safra intermediária sem grandes percalços, possivelmente superando seus pares africanos em desempenho relativo neste período.

Condições Climáticas e Impactos

O clima nos Camarões tende a ser mais úmido e equatorial, o que historicamente favorece a produção de cacau, mas também traz desafios próprios. No ano agrícola anterior, partes das regiões Sul e Sudoeste do país enfrentaram chuvas intensas e enchentes atípicas, influenciadas possivelmente pelo padrão climático El Niño  . Essas chuvas excessivas no final de 2024 poderiam ter ameaçado as plantações com encharcamento e dificultado a secagem das amêndoas. Entretanto, não se observou uma quebra significativa – pelo contrário, como citado, a produção se manteve estável ou até subiu ligeiramente em 2023/24. Isso sugere que, apesar de eventuais eventos de chuva extrema, o manejo local conseguiu mitigar danos (por exemplo, abrindo valas de drenagem, agilizando a colheita antes de tempestades, etc.). Para 2025, as condições climáticas nos primeiros meses foram relativamente dentro da normalidade: chuvas regulares na estação chuvosa principal (março a junho) garantem umidade para o cacau, enquanto as temperaturas se mantiveram dentro da faixa adequada. Algumas regiões produtoras camaronesas relataram índices pluviométricos acima da média no início do ano, o que na visão de técnicos está “preparando o terreno para uma safra intermediária longa e abundante”  – isto referido ao contexto da África Ocidental, mas possivelmente válido para o clima similar do litoral camaronês. Ainda assim, o excesso de chuva exige cautela (ver seção de doenças). No extremo oposto, o país não sofreu com secas severas recentes; ao contrário, a preocupação maior é com calor excessivo em alguns momentos. Pesquisas de impacto climático apontam que ondas de calor e temperaturas acima de 32 °C estão se tornando mais frequentes no cinturão do cacau camaronês , o que pode prejudicar o florescimento e enchimento das amêndoas. Até o momento, não há indicação de que 2025 tenha registrado anomalias térmicas graves nessa região, mas é um fator a monitorar conforme o aquecimento global avança. Em resumo, Camarões experimentou um clima relativamente favorável para o cacau no último ano: chuvas suficientes (talvez até demais em alguns momentos) e sem estiagens prolongadas. Isso sustenta as boas perspectivas para a safra intermediária corrente.

Incidência de Doenças nas Lavouras

No que diz respeito a doenças, os Camarões vêm colhendo frutos de investimentos em qualidade e sanidade nos últimos anos. O cacau camaronês historicamente sofria com problemas de fermentação inadequada e contaminação por fumaça, mas melhorias nas práticas de pós-colheita elevaram o padrão e foram destacadas pelo governo . Essa ênfase em qualidade caminha junto com o controle de doenças: agricultores foram treinados para identificar precocemente focos de podridão-preta (Black Pod) e aplicar fungicidas ou remover vagens infectadas rapidamente. Dado o ambiente úmido, o fungo Phytophthora (causador da podridão-preta) é o principal inimigo – em alguns anos, chegou a causar perdas de até 80% em certas fazendas camaronesas . Porém, não há relatos de surtos generalizados recentes. O episódio climático de chuvas fortes em dezembro passado acendeu o alerta para black pod, mas uma eventual “epidemia” foi evitada com manejo. Quanto ao CSSV (vírus do cacau inchado), a incidência nos Camarões parece estar sob controle ou restrita. O país não reportou níveis alarmantes de infeção viral como Gana e Costa do Marfim, possivelmente por estar geograficamente um pouco afastado do epicentro da doença e por políticas rigorosas de quarentena de mudas. Ainda assim, observa-se vigilância: como membro do ICCO, Camarões está ciente da ameaça e participa de esforços regionais para impedir a propagação do vírus. Outro ponto a considerar é a idade dos cacaueiros: muitas áreas no sul camaronês têm plantações antigas, menos produtivas e suscetíveis a pragas. O governo tem incentivado a renovação dos cacauzais e até propôs a criação de um fundo de reabilitação. Produtores que adotaram novas variedades de cacau (mais resistentes e de maior rendimento) relatam menor incidência de doenças e melhores colheitas. Assim, no balanço, o perfil fitossanitário do cacau nos Camarões é relativamente favorável neste ano: os riscos de doença existem, especialmente ligados à alta umidade, mas estão sendo gerenciados sem perdas expressivas até o momento.

Logística e Exportações

Os Camarões se beneficiam de uma posição geográfica que facilita exportações tanto pelo Atlântico quanto para mercados regionais. A maior parte do cacau é escoada pelo porto de Duala e em menor escala por Kribi, gerando importantes divisas para o país. Em 2023, mesmo com uma leve queda no volume exportado de grãos (180 mil toneladas, versus ~235 mil no ano anterior), a receita de exportação de cacau cresceu 12,9%  graças ao preço elevado. Isso ilustra a resiliência da cadeia logística: apesar de exportar menos quantidade, o valor obtido foi maior, o que manteve o setor aquecido. Para 2025, a expectativa é de exportações estáveis ou crescentes. Com a colheita intermediária normal e preços ainda firmes, os embarques devem continuar num bom ritmo ao longo do ano. Vale mencionar que os Camarões têm aumentado a exportação de produtos processados (manteiga, pó, etc.) – em 2023 foram mais de 73 mil toneladas de derivados exportados , complementando a exportação de amêndoas. Essa política de estimular a moagem local reduz a oferta de grãos crus para exportação, mas agrega valor e pode atenuar eventuais gargalos portuários (menos volume físico para embarque). Não obstante, desafios logísticos persistem: o porto de Duala historicamente sofre com congestionamentos e calado limitado, podendo ocorrer atrasos no escoamento se houver pico de chegada de cacau. A colheita intermediária, sendo menor, normalmente não causa saturação das rotas, diferentemente da safra principal. Internamente, a infraestrutura rodoviária das zonas de cacau (especialmente no Sudoeste anglófono) foi prejudicada por conflitos civis nos últimos anos, mas a situação tem se estabilizado, permitindo melhor fluxo de mercadorias. Um incidente a notar foi a descoberta de lotes de cacau de origem suspeita tentando ser exportados como se fossem camaroneses – em março de 2025, autoridades da Costa do Marfim apreenderam 2.000 toneladas de cacau declaradas falsamente, possivelmente vindas de contrabando . Isso sugere que alguns comerciantes poderiam estar usando Camarões (ou outros países) para driblar controles de exportação; é uma situação que requer cooperação regional para coibir fraudes. De modo geral, porém, Camarões mantém seu canal logístico funcional e lucrativo, com o cacau figurando entre os três principais produtos de exportação do país. A diversificação entre grão e processamento interno confere maior robustez ao setor frente às oscilações de oferta.

Expectativas de Preços e Resposta do Mercado

O contexto de preços internacionais recordes também alcançou os Camarões, resultando em ganhos substanciais para os produtores locais. De acordo com entrevistas realizadas no final de 2023, os agricultores camaroneses estavam recebendo 2.000 a 2.200 francos CFA por kg de cacau, muito acima dos 750 a 1.290 CFA/kg praticados na temporada anterior . Essa triplicação aproximada do preço pago ao produtor transformou a economia rural cacaueira: muitos passaram a obter rendas sem precedentes, quitando dívidas e investindo em suas plantações . Ao contrário de Gana e Costa do Marfim, onde o preço ao produtor é fixo por safra, nos Camarões vigora um sistema de **preço mínimo garantido (1.500 CFA/kg em 2023/24) mas com possibilidade de bônus conforme o mercado】 . Assim, com a competição entre compradores, o preço efetivo ultrapassou facilmente o mínimo e atingiu os níveis mencionados (equiparando-se, inclusive, ao preço fixo recém-aumentado da Costa do Marfim de 2.200 CFA). Essa flexibilidade de mercado permitiu que os agricultores capturassem uma fatia maior do preço internacional, tornando-os, de fato, “dos mais bem remunerados globalmente”, conforme ressaltado pelo ministro do Comércio camaronês . Para o governo, a alta do cacau trouxe benefícios macroeconômicos notáveis: as receitas de exportação bateram recorde e o cacau respondeu por 12% do total das exportações do país em 2023 . Em termos de resposta estratégica, Camarões tem enfatizado a manutenção da qualidade superior de seu cacau para justificar prêmios e assegurar demanda mesmo com preços altos . Essa abordagem parece funcionar, já que compradores valorizam cacau com bom teor de manteiga e bem fermentado, atributos encontrados no produto camaronês atual. Quanto às expectativas de preço, as autoridades locais mostram-se confiantes de que o patamar elevado veio para ficar ao menos no curto prazo. Elas citam o desequilíbrio oferta-demanda global e a “demanda ávida” por cacau de qualidade como fatores que devem sustentar os preços em 2025 . Analistas independentes, porém, ponderam que se a produção de países como Nigéria e até mesmo Camarões continuar a crescer e se houver algum alívio climático em 2025/26, os preços podem ceder a partir do final de 2025  . No momento, entretanto, o mercado segue recompensando os Camarões tanto pela estabilidade de sua oferta quanto pela condição privilegiada de não enfrentar a crise profunda dos vizinhos. Os agricultores estão motivados a expandir a produção, e o país assumiu até posições de liderança diplomática – Camarões foi eleito para presidir o Conselho Internacional do Cacau na temporada 2024/25 , refletindo seu peso crescente no setor. Em resumo, com preços internacionais favoráveis e políticas domésticas acertadas, Camarões emerge como um caso de relativo sucesso nesta safra intermediária africana, conseguindo converter a crise regional em oportunidade para ganho de mercado e prestígio.

Fontes: Dados e previsões compilados de relatórios da Reuters, ICCO, USDA, agências de notícias financeiras e órgãos oficiais dos países produtores    , bem como depoimentos de produtores e analistas sobre clima e sanidade das lavouras   . Todas as informações refletem o panorama até o início de abril de 2025, oferecendo uma visão abrangente dos desafios e expectativas para a safra intermediária de cacau na África Ocidental.

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