
Uma grande mobilização está sendo organizada por produtores de cacau em resposta ao que classificam como uma prática abusiva adotada por indústrias compradoras do fruto. A convocação, liderada pela Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC), denuncia que os preços pagos atualmente aos produtores não refletem o valor real do mercado no momento da entrega da produção.
Segundo a entidade, as indústrias têm utilizado cotações futuras, com prazos longos, como base para precificar o cacau entregue no mês de julho. De forma ainda mais grave, há relatos de que está sendo aplicada a cotação futura do mês de março de 2026, ou seja, oito meses à frente, completamente desvinculada da realidade atual do mercado físico. Essa prática tem gerado perdas significativas para os produtores. Somente no dia 25 de julho, o deságio representou um prejuízo de R$ 85 por arroba, o que equivale a R$ 340 por saca.
Além do impacto direto ao produtor, essa distorção afeta severamente a economia regional. Os municípios produtores de cacau deixam de arrecadar impostos essenciais, e toda a região empobrece, pois depende da renda gerada pela cadeia produtiva do cacau.
“Ao usar cotações projetadas como parâmetro, desconsiderando o valor efetivo do cacau hoje, estão aplicando uma lógica perversa que empobrece o produtor e fragiliza o setor como um todo”, afirma a associação em nota pública.
A ANPC também critica o discurso de “sustentabilidade” adotado por algumas empresas do setor, que, segundo os produtores, contrasta com a realidade enfrentada no campo. A entidade ressalta que os agricultores precisam de remuneração justa para investir em melhorias nas propriedades, nos plantios e nas condições de trabalho, garantindo dignidade para as famílias que vivem do cultivo do cacau.

“Já sofremos demais. É justo que tenhamos dias melhores”, conclui a nota, convocando os produtores a se unirem à associação em defesa de seus direitos”, afirma a presidente da ANPC, Vanuza Barroso.
A mobilização ainda não teve data divulgada, mas a expectativa é que ganhe força nos próximos dias, com adesão crescente de produtores de diversas regiões do país.