Durante o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) em Juazeiro, a Teia dos Povos marcou presença não apenas na Feira Saberes e Sabores, mas também de forma robusta e diversa na apresentação de trabalhos e experiências práticas, consolidando-se como um movimento que articula saber ancestral e ação concreta. A delegação da Teia compartilhou com o público um conjunto de iniciativas que ilustram a força de sua aliança preta, indígena e popular.
Dentre as várias contribuições, destacaram-se experiências que vão da educação à produção. Foi apresentado o projeto pedagógico do Terreiro Lúdico, uma iniciativa inovadora que cultiva os saberes das crianças a partir de uma perspectiva comunitária e territorial. No campo da produção agroecológica, a experiência prática do plantio de café nas terras do Bem Virá gerou grande interesse, mostrando um consórcio inteligente com cacau e a presença vital das abelhas para a polinização. Nesse contexto, ganhou relevo o trabalho de resgate liderado por Mestre Joelson, que vem recuperando uma semente ancestral de café arábico de baixa altitude. Esta iniciativa é uma estratégia de resistência direta ao avanço do café conilon, que tem provocado desmatamentos no sul da Bahia, propondo uma alternativa adaptada e biodiversa.
A autonomia dos povos, princípio central da Teia, foi tema da apresentação sobre a Rede de Sementes, que traçou sua história e reafirmou seu papel fundamental na garantia da segurança e soberania alimentar. Por fim, a Editora da Teia dos Povos foi apresentada como o braço da comunicação rebelde do movimento, um instrumento que dá eco às vozes dos mestres e mestras dos territórios. Foi destacado como os recursos gerados pela venda dos livros foram reinvestidos de forma estratégica, ajudando a consolidar projetos estruturantes como a própria Rede de Sementes e o Bem Virá, demonstrando na prática como o conhecimento registrado financia e fortalece a luta pela terra e pelo território.
