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Anciãos Centenários recebem sementes do milho originário na retomada em Guyraroka

Mestre Joelson e Mestre Valmir, guardiões da Rede de Sementes da Teia dos Povos, atravessaram fronteiras geográficas para levar até o território indígena Guyraroka, no Mato Grosso do Sul, a mais ancestral das respostas ao agronegócio: a semente originária.


As sementes de milho foram entregues a dois pilares vivos da resistência Guarani e Kaiowa: o nhanderu (rezador) Seu Tito e sua companheira Miguela, anciões centenários e lideranças do povo Guarani e Kawoya. São vozes que carregam um século de memórias – testemunhas da expulsão de seu povo durante a atuação do SPI e da ditadura militar, e lideranças que seguem orientando as novas gerações no caminho de volta ao tekoha.

Ao receber as sementes, Seu Tito, que há pouco cuidava de sua roça com a mesma dedicação de sempre, envolveu-se em saudade. Segurando os grãos, revelou um saber que o agronegócio insiste em apagar: “Para cada milho há uma reza”.

O ancião contou que as variedades de milho Guarani branco e amarelo há muito não brotavam em seu território. Explicou a ligação espiritual que une cada semente a uma reza específica, uma tradição que se enfraquece ano após ano, sufocada pelas nuvens de agrotóxico e pela expansão da monocultura. Para ele, a verdadeira alimentação sempre veio da terra, e a luta pela demarcação se faz, dia após dia, com a enxada na mão e a semente no chão.

Enquanto aviões agrícolas continuam a lançar veneno como arma de intimidação sobre as roças de Guyraroka, as sementes crioulas – 100% livres de contaminação transgênica chegam como uma promessa de restauração. Não apenas de alimentos saudáveis, mas de um elo espiritual há muito ameaçado.


Junto a Seu Tito, Dona Miguela, com seus mais de 100 anos de resistência, representa a força feminina que mantém viva a chama do tekoha. Juntos, eles encarnam a certeza de que a verdadeira demarcação de Guyraroka – para além da negligência do Estado – já está em curso. É feita na força do replantio, na reza que renasce com cada grão e na coragem inquebrantável de quem, mesmo após um século de lutas, ainda semeia com a certeza de que a terra há de florescer outra vez.

 

 

 

(Fotos Divulgação)

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