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Itabuna é pioneira no Sul da Bahia em armazenamento correto de resíduos sólidos

Cidade também investe em coleta seletiva e educação ambiental

Pioneiro no interior da Bahia, o projeto ‘Conecta Recicla Itabuna’ está movimentando alunos da rede municipal de ensino com a Gincana Ecológica, que vai até o dia 19 de dezembro com conscientização ambiental e arrecadação de resíduos recicláveis. A iniciativa reúne órgãos públicos, associações e empreendimentos privados.

O projeto dá continuidade e incrementa o complexo programa de sustentabilidade no município, que desde maio de 2021 desativou o lixão a céu aberto e passou a destinar o lixo não reutilizável para o Aterro Sanitário da Central de Valorização de Resíduos (CVR).

“É mais um passo ousado da gestão do prefeito Augusto Castro (PSD) de compromisso social, ambiental e de mudança de comportamento”, afirmou o secretário da Educação, Rosivaldo Pinheiro, sobre o Conecta Recicla Itabuna dentro do macro programa municipal.
A iniciativa do município conta com parceria da startup baiana Ecoari, da CVR Costa do Cacau, Biosanear, SigaOn e a Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna (AACRRI).

Ele explicou que os estudantes estão participando da gincana depois de terem sido cadastrados no aplicativo da Ecoari. “No próximo ano, vamos alcançar os 200 mil habitantes da cidade”, enfatizou Pinheiro.
O aplicativo da Ecoari já é utilizado em outros estados e faz a conexão entre quem gera o resíduo sólido e quem coleta, de acordo com a engenheira ambiental Janaína Guerra. Ela destacou as facilidades da plataforma na cadeia da reciclagem, asseverando que a educação ambiental é indispensável para o sucesso na coleta seletiva.

Itabuna é um dos 58 municípios baianos com destinação correta dos resíduos sólidos para aterro sanitário, conforme dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2023. Publicada pelo IBGE em novembro de 2024, foi última publicação da pesquisa sobre lixões e aterros sanitários na Bahia e no Brasil com perspectiva de nova divulgação ainda este ano.

Isso representa apenas 13,9% do total dos municípios da Bahia, embora a última data limite para os municípios brasileiros acabarem com os lixões e destinarem os resíduos sólidos para aterro sanitário regulamentado tenha expirado em agosto do ano passado.

Esses números deixam a Bahia em 9º lugar entre os estados com maior proporção de lixões, de acordo com o mesmo levantamento. No Brasil, 1.775 dos municípios mantinham lixões no período, representando 31,9% das 5.570 cidades espalhadas pelos país.

HISTÓRICO – Para mudar a realidade em Itabuna a administração municipal começou as tratativas com diversas entidades e órgãos públicos bem antes de 2021, pois para desativar o lixão, além de local adequado para destinar os resíduos sólidos, havia a necessidade de apoiar as famílias que sobreviviam em torno do local, como catadores.

Carissa Araújo, dignidade e esperança

No mesmo período foi criada a Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna (AACRRI), congregando estas pessoas, que foram incluídas no projeto de inclusão social e capacitação profissional. Baseada na coleta seletiva, a atuação começou com o recolhimento pelas ruas, instalação de 10 ecopontos para captação de materiais recicláveis e a construção da unidade de reciclagem.

Atualmente a AACRRI tem 52 associados ativos, conta com estrutura e equipamentos de suporte para separar, prensar, transportar e embalar os diferentes produtos coletados. Hoje em dia a AACRRI recebe comitivas de outras cidades que vão à Itabuna conhecer o funcionamento do sistema municipal de resolução para os resíduos sólidos.

Na Central de Triagem da AACRRI, são recicladas cerca de 120 toneladas por mês de materiais como vidro, papel, papelão, metais e plástico, gerando uma média mensal de R$ 1.500 para cada trabalhador.

Os dez ecopontos instalados no centro e nos bairros, motivam a participação da comunidade que é incentivada a separar os resíduos recicláveis dos demais. Outro apoio neste sentido é a utilização de um veículo cedido pela Biosanear, para coleta em empresas e condomínios.

“Tivemos muita ajuda na parte burocrática e também nas ações práticas para iniciar a associação”, afirmou a presidente da entidade, Carissa Araújo Santos, 29 anos, pontuando que a oscilação dos preços dos materiais recicláveis prejudica os ganhos. “Ficaria inviável se não tivéssemos todos os apoios”, resumiu.

Ela, que começou a trabalhar como catadora de recicláveis aos 15 anos, deixou os estudos naquela época “porque eu passava a semana toda no antigo lixão”, revelou. De lá para cá, além da desativação do lixão e criação da associação que deu outro rumo para a família, ela se tornou mãe.

Carissa é um exemplo da transformação que se deu na vida das pessoas que saíram do lixão e passaram a viver com mais dignidade, ainda através da reciclagem, mas agora dentro de um contexto saudável e com perspectivas de desenvolvimento pessoal.

“Retornei aos estudos este ano e pretendo cursar uma faculdade”, disse, sem esconder o seu contentamento. Nos seus planos estão cursos de Gestão Ambiental e Administração, áreas que já vem atuando na prática.

Daniele, do lixão para a Universidade

Ela não é a única associada que voltou aos bancos escolares. A tesoureira da Associação, Daniela Santos Pereira, está cursando Administração. “Temos outros associados e associadas que estão estudando. Sinto que estão muito engajados”, citou.

PROJETO MODELO – A Central de Valorização de Resíduos (CVR) Costa do Cacau é credenciada pelo Inema e Ibama para o tratamento de resíduos sólidos e recebe mensalmente cerca de 11 mil toneladas coletadas em Itabuna.

Instalado entre as cidades de Ilhéus e Itabuna, o empreendimento recebe resíduos dos dois municípios bem como de Itacaré, Itajuípe, Ibicaraí, Barro Preto, São José da Vitória, Buerarema, Arataca e Uruçuca. Também, cerca de 60 empresas privadas da região Sul têm contrato com a CVR, que possui um Centro de Educação Ambiental, utilizado por grupos de estudantes, pesquisadores, associações, cooperativas, etc.

“A empresa vem se consolidando como um equipamento de utilidade pública que presta um serviço essencial para a região”, disse o diretor comercial da CVR Costa do Cacau, Rodrigo Zaché.
Ele salientou que “além do conceito ambiental, a CVR se destaca em vários projetos de inclusão social e de capacitação, incentivando a coleta seletiva, fortalecendo o surgimento e ampliação de polos industriais que têm potencial de se instalar na região com a implantação do Porto Sul e da Ferrovia Oeste Leste”.

A CVR tem apoiado programas de coleta seletiva e reciclagem na região, citou o gestor do empreendimento, Maurício Ramos Sena, lembrando da instalação da Central de Triagem em Itabuna, onde a empresa colaborou com a capacitação dos agentes ambientais (catadores) e a implantação dos ecopontos.

Para ele, “o apoio à coleta seletiva e a valorização dos agentes ambientais, além de gerar emprego, renda e uma vida digna para famílias que antes viviam nos lixões, contribui com a conservação ambiental, reciclando produtos que são reaproveitados pelas indústrias”.

ENCERRAMENTO HUMANIZADO – Para que municípios que ainda não utilizam Aterro Sanitário consigam resolver o problema, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informou que publicará, ainda este ano, uma Portaria Interministerial com o Ministério das Cidades e a Secretaria-Geral da Presidência da República, para instituir o Programa Nacional de Encerramento Humanizado de Lixões.

A Inclusão Socioeconômica Humanizada é um dos pilares da iniciativa, que vai favorecer a elaboração de Planos de Trabalho com diagnóstico da situação local, fortalecimento da gestão, implementação de sistemas de cobrança pelos serviços, capacitação, assistência técnica, além da elaboração e execução dos planos de encerramento dos lixões e da implantação de sistemas de coleta seletiva e tratamento de resíduos.

A construção do programa conta com os Tribunais de Contas dos Estados, os Ministérios Públicos Estaduais e representações estaduais e municipais, e visa apoiar estados e municípios no encerramento definitivo dos lixões e na transição para modelos sustentáveis de gestão de resíduos urbanos.

Segundo o MMA, podem aderir Municípios, Consórcios Públicos, Estados e Entidades de Governança de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas, microrregiões ou blocos de referência.

A seleção vai considerar como prioritários os critérios estratégicos, como localização nas regiões Norte e Nordeste, lixões que recebem mais de 200 toneladas/dia, proximidade a aterros sanitários licenciados, dentre outros.

O financiamento, ainda conforme o MMA, vai contar com recursos do Orçamento Geral da União, dos Estados e Municípios, além de empréstimos e parcerias com organismos bilaterais, multilaterais e o setor privado.

 

(do A Tarde Municípios)

 

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