
Patrícia Vitória Mendes dos Santos
e Jussara de Lima Clement Ferreira
A história de Lily, uma gatinha de rua, é mais uma dentre dezenas ou centenas, que vemos em nossa sociedade. Desde o dia 14 de fevereiro você faz parte de nossas vidas. Um pedido de socorro e não pensamos duas vezes em atendê-lo. Você morava nas ruas e a inescrupulosidade humana, atravessou o seu caminho, literalmente.
A foto, postada no grupo do bairro Hernane Sá-Ilhéus, dilacerava o coração de quem via: uma gatinha, parecia sem vida, olho quase arrancado, após ser atropelada. Uma imagem desesperadora.
Aparentemente com dez meses de idade, Lily lutando para viver. Precisávamos levar você para emergência. Mas, sua debilitação mostrou risco de morte no primeiro momento. Foi preciso esperar dois dias para a enucleação (retirada do olho). E onde você ficaria após a cirurgia?
Como tem sido difícil mantê-la em um Hotel Pet, por não conseguirmos um lar temporário, sequer remunerado, para o tamanho da sua necessidade. Como foi angustiante perceber tanta vontade de viver e ao mesmo tempo temer em perdê-la, por não saber de onde conseguiríamos recurso para pagar as três cirurgias, medicamentos e hospedagem, totalizando cerca de 5 mil reais.
Nenhum resgate dessa gravidade é resolvido rapidamente. Não é apenas o tempo de recuperação, as despesas estão em todas as fases: resgate, cuidados médicos e lar temporário, até ser liberado para adoção. E o tempo?
O tempo é perigoso, faz cair no esquecimento, faz do silêncio e da espera um processo quase que vilão. As contas precisam ser pagas. Campanhas, vaquinhas, doações, rifas, são lancadas, por conta de órgãos que se eximem arcar, ter em seu orçamento um projeto para essa causa. Pessoas surgem para ajudar, mas não conseguem arcar com tantos gastos.
Os veterinários, encontramos muitos desses, humanos e, como anjos nos ajudaram e nos ajudam até o momento. Mas e os que deveriam nos representar? Representar a Causa Animal? Fecham os dois olhos, simplesmente.
E você, Lily? Você precisava operar. E veio o início da caminhada.A primeira cirurgia de três que faria: a enucleação. Em seguida, a mandíbula fraturada e castração. Porém, um imprevisto, um grande imprevisto: uma grande infecção no local da enucleação.
Foram mais de vinte dias para se recuperar. Graças a Deus e as sessões de laserterapia, com o maravilhoso doutor Fernando Alzamora, você venceu essa etapa! Dias e dias se alimentando através de sonda e, finalmente, chegou o momento da cirurgia da mandíbula fraturada e da castração. Nove dias de internamento, fisioterapia, estimulação e, alta.
Agora, aqui está você, Lily, finalizando todo esse caminho de dor, de luta para viver, vencer. Mais uns dias e você estará de alta para adoção. Com certeza todo o amor que você recebeu e recebe, foram e são imprescindíveis para a sua recuperação, para você viver.
Finalmente, uma adoção Especial, assim como você. Uma adoção para um Lar Definitivo Responsável. Um lar onde vocês se completem e o amor cresça a cada dia. Sabemos que pode ser um desafio por conta de ser especial, ter um olho apenas. Mas, temos a certeza e fé em Deus de que você enxerga muito além dos nossos dois olhos, um amor incondicional, de todos os que abraçaram a sua causa, a sua vida.
Seus lambeijos e ronronares, hoje com mais força, nos mostram que vale muito a pena olhar e ver, ouvir e escutar, anjos de quatro patas que fazem parte da nossa sociedade, do nosso meio ambiente e que, muitas vezes, só precisam de um olhar.
Sabemos que você será muito feliz Lily. AMIAUmos você !!!
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Patrícia Vitória Mendes dos Santos e Jussara de Lima Clement Ferreira são protetoras de animais em Ilhéus