
Antônio Carlos Magnavita Maia
O mundo vive uma crise no setor do cacau. A África, principal produtora global, enfrenta graves problemas estruturais. O momento é único – e o Brasil não pode desperdiçá-lo.
Temos diante de nós a chance histórica de deixar de ser apenas fornecedor de matéria-prima para nos tornarmos protagonistas globais do chocolate.
Mas, para isso, precisamos de um projeto nacional soberano, que agregue valor ao nosso cacau por meio da industrialização, da organização da produção e da retomada da Ceplac como referência técnica, científica e independente.
Proponho a criação de uma empresa moageira nacional vinculada a uma cooperativa central de cacauicultores, com filiais em todos os biomas produtores. Uma parceria público-privada, com apoio do BNDES, pode tornar isso realidade, garantindo mais estabilidade de preços e distribuição justa dos lucros.
Enquanto continuarmos como meros fornecedores de amêndoas, seremos reféns do cartel que domina o mercado global. Chegou a hora de mudar essa lógica. O Brasil tem terra, gente e conhecimento para liderar uma nova era: a era do chocolate genuinamente brasileiro, feito com sustentabilidade, tecnologia e identidade própria.
É hora de conquistar a autonomia da nossa cacauicultura.
É hora de deixar de ser dependente e escrever um novo capítulo: nosso, soberano, e com sabor de futuro.
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Antônio Carlos Magnavita Maia é médico e cacauicultor no Sul da Bahia