Ceplac apoia Projeto Cacau 1000 no Oeste da Bahia
Produção no Bioma Cerrado é considerada inovadora, atesta Nota Técnica
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira-Ceplac, através da Coordenação Geral de Pesquisa e Inovação, emitiu Nota Técnica sobre o Projeto COOPERCACAU1000, que utiliza o Sistema Agroflorestal do Cerrado- SAC, atenderá inicialmente mil produtores. Cada família cooperada utilizará um a dez hectares para produção de cacau irrigado..
”A proposta é utilizar preferencialmente essências florestais frutíferas do Bioma Cerrado, de alto valor agregado, compondo um modelo inteligente de paisagem”, afirma o presidente da cooperativa Antelmo Pinto Farias. De acordo com Antelmo, o Projeto Cacau 1000 estima uma renda mínima entre 1.500 e 2.000 reais por hectare, sem computar a renda agregada das árvores frutíferas do sistema florestal na produção frutas in natura, doces, castanhas, mel, etc. Ele fez questão de destacar o apoio do diretor geral da Ceplac, Waldeck Araújo Junior, ao projeto.
De acordo com a Nota Técnica, os sistemas agroflorestais envolvem o cultivo de pelo menos uma espécie florestal em consórcio com espécies agrícolas, promovendo vantagens econômicas, ambientais e sociais, ao uso da terra. O Projeto Cacau 1000 propõe um novo modelo de sistema agroflorestal planejado especificamente para o cerrado brasileiro, baseado no uso do barú (Dipteryx alata), leguminosa arbórea nativa do bioma Cerrado, compondo renques intercalados com fileiras de plantas de cacau (Theobroma cacau), o qual foi denominado Sistema Agroflorestal do Cerrado – SAC.
O cerrado brasileiro vem se destacando como uma nova fronteira para o cultivo do cacaueiro e isso se dá por vários motivos, entre os mais importantes estão: períodos de chuvas e secas bem definidos, o que dificulta a propagação de doenças, principalmente as fúngicas como a podridão parda e vassoura-de-bruxa que nas áreas tradicionais de cultivo do cacaueiro são as indicadas como as principais causas da queda de produtividade, e topografia que varia de plana a pouco acidentada que possibilita a mecanização de várias práticas agrícolas.
PROJETO CACAU 1000
O Projeto Cacau 1000 propõe o uso de um modelo agroflorestal específico para o bioma Cerrado, denominado Sistema Agroflorestal do Cerrado –SAC. Tradicionalmente, os modelos de Sistemas Agroflorestais com cacaueiro usam cultivos alimentícios como sombreamento provisório e espécies arbóreas introduzidas na área como sombreamento definitivo. No SAC, o sombreamento provisório será composto por mandioca para produção de farinha e aipim para consumo in natura, cozida, assada, frita, etc, ) para possibilitar conforto térmico as mudas de cacaueiro, além de fornecer renda adicional ao produtor. O uso da mandioca com espaçamento 1,5 x 1,5 m como sombreamento provisório ao cacaueiro, até que este complete 1,5 ano, foi testado com sucesso pela Ceplac, nas regiões tradicionais ou de transição.
Como sombreamento definitivo, diz a Nota Técnica, o SAC utilizará o barú e a implantação será feita da seguinte maneira: zonas de planos de cinco fileiras duplas de cacaueiros, com espaçamento de 4,0 m entre elas e com espaçamento de 3,0 x 2,5 m entre as fileiras de cacau, alternadas com duas fileiras de barú com espaçamento de 3,0 x 3,0 m em quincônico, distantes 49 m uma da outra. A distância de 4,0 m entre fileiras duplas de cacaueiro são recomendadas para possibilitar a mecanização de alguns processos produtivos, reduzindo a necessidade de mão de obra e melhorando a eficiência do sistema. O planejamento do modelo SAC contou com orientações da TFR Consultoria Agropecuária
Segundo o projeto, a produtividade estimada do cacau no SAC é de 160@/ha/ano, atingida no quinto ano de cultivo. Embora existam evidências experimentais de níveis de produtividade em ambientes semiáridos superiores a 100@/ha/ano, quando o cultivo atinge sua maturidade fisiológica, não há como validar esse número antes da realização do projeto. Entretanto, 100@/ha/ano de cacau já poderá ser considerado um excelente resultado.
A Nota Técnica diz ainda que vários são os sistemas agroflorestais com cacaueiros recomendados pela Ceplac, incluindo os que utilizam renques, como o SAC proposto. Entretanto, por tratar-se de um modelo produtivo especificamente proposto para o ambiente de cerrado, a Ceplac está em final de tratativas para estabelecimento de um Acordo de Parceria em Pesquisa e Inovação com a Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Cacau Ltda. (Coopercacau 1000), para proporcionar o acompanhamento de algumas das áreas a serem implantadas e, mediante as observações, recomendar ajustes quando sejam necessários.
VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE CACAU
A Nota Técnica observa ainda que do ponto de vista técnico, a proposta do Sistema Agroflorestal do Cerrado – SAC é inovadora e traz o conceito de sistemas de cacau consorciados com espécies arbóreas nativas do Cerrado o que contribui para a sustentabilidade para essa nova fronteira de produção de cacau, principalmente, do ponto de vista ambiental.
No SAC o espaçamento proposto para os cacaueiros seguem o preconizado pela Ceplac e a inclusão de corredores de 4 m entre fileiras, aliada a topografia da região, permitirá a introdução do uso de mecanização no sistema, também com várias vantagens aos cacauicultores. O uso da mandioca como sombreamento provisório também já foi validado com sucesso pela Ceplac. Com o acompanhamento técnico, ajustes poderão ser necessários no que tange ao manejo propriamente dito, principalmente ao espaçamento entre as duplas fileiras de baru e as primeiras filas de cacau.
“O Projeto Cacau 1000 possui grande potencial para consolidar a produção de cacau no bioma Cerrado, constituindo-se em uma ampliação da sustentabilidade do cultivo no bioma em relação aos modelos já praticados. Diante disso, expressamos a concordância e apoio da Ceplac ao Projeto Cacau 1000, acompanhado tecnicamente junto à consultoria encarregada, visando o alcance dos objetivos propostos”, conclui a Nota Técnica, elaborada por Lucimara Chiari, Coordenadora Geral de Pesquisa e Inovação , José Marques Pereira, coordenador Regional de Pesquisa e Inovação na Bahia, Paulo Cesar Lima Marrocos, chefe da Divisão Regional de Pesquisa e Inovação, e Milton José da Conceição, chefe da Divisão Regional de Sistema de Produção da Ceplac.
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