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Ministério da Agricultura firma Memorandos de Entendimento com países da América Latina para desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau

Objetivo é reduzir os riscos de danos para a cacauicultura nacional

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), visitou instituições de ciência e tecnologia do Peru e Equador especializadas na cultura do cacau. Os objetivos são desenvolver ações para combater e prevenir a entrada da doença Monilíase do Cacaueiro no Brasil, por meio do envio de clones (materiais genéticos de cacau) selecionados dentro do programa de melhoramento da Ceplac, bem como aumentar a produção e produtividade da cultura no território brasileiro.

“Queremos estabelecer e conduzir ensaio inicial de avaliação de variedades de cacaueiro para resistência à Monilíase e desenvolver variedades melhoradas resistentes às principais doenças desta cultura. O propósito final é reduzir os riscos de danos para a cacauicultura nacional com a possível introdução da Monilíase no país e ampliar sua sustentabilidade”, destacou o diretor da Ceplac, Waldeck Araujo, que representou o Mapa na viagem.

Para isso, foram firmados Memorandos de Entendimento com os países onde a doença ocorre naturalmente e com alta severidade. No Peru, o Mapa e o Instituto Nacional de Innovación Agraria – INIA, por intermédio da Ceplac, assinaram  memorando que visa promover estratégias de pesquisa para melhorar a qualidade genética do cacau em favor dos produtores.

O documento autoriza ambas as entidades a desenvolver estudos que avaliem a qualidade do cultivo de cacau. Além disso, os países desejam, por meio do acordo, trabalhar de forma estratégica nas regiões fronteiriças com objetivo de mitigar os riscos da entrada da doença no Brasil.

Outras assinaturas

Já no Equador, a parceria foi firmada com o Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias – INIAP. Os órgãos vão trabalhar em conjunto para avaliar a incidência de Monilíase, Vassoura-de-Bruxa e Podridão Parda nas variedades de cacaueiro geradas pela Ceplac, a fim de selecionar materiais com características de produtividade e resistência, realizar estudos epidemiológicos e de biologia e ecologia de patógenos, entre outros objetivos.

Com a Costa Rica, a ideia é facilitar o intercâmbio de estudantes e pesquisadores para a realização de pesquisas sobre a cultura, além da realização de procedimentos necessários à importação e exportação de material genético para fins de pesquisa e dentre outras finalidades. O Memorando de Entendimento ainda será firmado com o Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE). Há também expectativa de assinatura com o México.

Monilíase do Cacaueiro 

A Monilíase está entre as pragas quarentenárias do cacau no Brasil, ou seja, não está presente no território brasileiro. Entretanto, um foco da doença foi detectado no Acre, em área urbana e está em fase de contenção pelos órgãos competentes. A doença ocorre em vários países produtores de cacau que fazem fronteira com o Brasil, logo o risco da sua introdução é iminente e o foco no Acre é uma constatação disso.

A monilíase, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é uma das mais sérias doenças do cacaueiro, infectando os frutos em qualquer fase de desenvolvimento e, em condições favoráveis, pode causar perdas de até 100% da produção.

Em 1989, a cacauicultura brasileira foi quase dizimada quando a doença Vassoura de Bruxa (VB) entrou na região da Bahia, requerendo anos de trabalho para o desenvolvimento de variedades clonais resistentes ao fungo causador da praga. A Monilíase do cacaueiro é considerada uma doença ainda mais devastadora e, diante da ameaça de entrada no país, faz-se necessário contar com alternativas tecnológicas para o controle e as variedades resistentes são as mais recomendadas.

Nesse sentido, a Ceplac desenvolveu materiais genéticos (clones) que têm genes com potencial de resistência à Monilíase. Contudo, esse material precisa de comprovação da resistência em campo, ou seja, precisa ser testado em países onde a doença ocorra.

Produção de cacau

 

O Brasil ocupa hoje o 6º lugar na produção mundial de cacau, segundo a International Cocoa Organization (ICCO). De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, há mais de 93 mil estabelecimentos produtores de cacau no país. Eles estão concentrados na Bahia e no Pará, que juntos representam 96% da produção nacional.

Até 2025, a meta é atingir a autossuficiência na produção de cacau, com 300 mil toneladas por ano, e alcançar 400 mil toneladas até 2030, o que permitirá ampliar as exportações de cacau, derivados e chocolate. Esses valores têm potencial de elevar o Brasil para a terceira posição entre os maiores produtores de cacau no mundo.

Outra meta é aumentar a qualidade das amêndoas de cacau fino ou especial de 3% para 10% do total de amêndoas produzidas, ampliando assim o potencial de exportação do cacau brasileiro.

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