
O Instituto Chocolate realizou nesta terça-feira, no auditório do Colégio Modelo de Itabuna a apresentação do Pacote Tecnológico Cacau 500 @ + Sustentável, uma alternativa para o desenvolvimento socioeconômico do Sul da Bahia. O objetivo do projeto é promover o uso eficiente de insumos, técnica de manejo integrado e práticas sustentáveis que garantem o aumento da produtividade em áreas de cultivo, com base em dados científicos de melhoramento genético e manejo intensivo, através de técnicos especialistas, com a introdução de técnicas como poda inteligente, irrigação controlada, adubação balanceada e o uso de biotecnologias adaptadas ao solo de cada região.
O projeto tem como meta alcançar três mil produtores do Sul da Bahia, que serão impactados diretamente pelo pacote tecnológico

O diretor técnico do Instituto Chocolate, Erlon Botelho, que coordenou o encontro em Itabuna, destaca que “esta é uma política pública essencial para a região, capacitando novos técnicos agrícolas para atuarem diretamente com os produtores. É um projeto que, executado em sua totalidade, pode atingir até 150 arrobas por hectare em 18 meses, mas para isso é fundamental a parceria com as prefeituras e o Governo do Estado”.

O agrônomo Rosenilton Klecius, com larga experiência na Ceplac, um dos idealizadores do projeto, afirma que “adotamos uma forma de extensão rural que atua junto a grupos de produtores em cidades sulbaianas. É uma mudança de paradigma, para que o produtor tenha acesso a novas tecnologias. Nesse processo a capacitação é fundamental”.
Atualmente, o projeto atente em torno de 30 municípios como Uruçuca, Camacan, Itabuna, Ilhéus, Jussari, Ibirapitanga, Floresta Azul, Arataca, Itajuipe, Gandu, Barro Preto, Barra do Choça, Canavieiras, Ibicaraí, Maraú, Gongogi e Jitaúna.
Entre as ações desenvolvidas estão a elaboração de um plano safra contemplando as épocas ideais para plantio e colheita, além de estratégias de mercado; acompanhamento rigoroso do calendário agrícola para maximizar a produtividade e minimizar perdas; coleta de solo para análises entendendo as necessidades nutricionais das plantas e otimizar o manejo agrícola; e a adoção de técnicas adequadas de poda, que devem ser ensinadas aos produtores para melhorar a qualidade da produção.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Para a presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cacau-ANPC, Vanuza Barroso, “os pequenos produtores estão desassistidos na área de assistência técnica e o Cacau 500@ + Sustentável possibilitará a formação de novos técnicos com a visão extensionista da Ceplac, permitindo a ampliação da produtividade, com ganhos para toda a cadeia produtiva”.
O projeto prevê o treinamento de 80 colaboradores garantindo que todos estejam alinhados com os objetivos da ação, a seleção de dois ou três produtores exemplares que possam servir como referência para outros agricultores na região.
As decisões devem ser compartilhadas entre todos os envolvidos no projeto, promovendo um ambiente colaborativo.
O produtor rural Júlio Cesar Gomes, da Fazenda Santa Fé, em Mutuns, “a proposta é excelente, mas precisamos do apoio do poder público e do setor privado para qualificar a mão de obra na adoção de novas práticas de maneio. Vamos aproveitar a alta do cacau, ampliar a produção e impactar toda a economia regional”.

O secretário de Agricultura de Itacaré, José Alves Fonseca destaca que “estamos apoiando esse projeto que pode beneficiar agricultores familiares e melhorar a renda no setor rural, que serão incentivadas a ampliar a produção”.

O vice-prefeito de Itabuna e secretário de Planejamento Junior Brandão ressalta que “com os preços do cacau no mercado interno, quando se investe em capacitação e novas tecnologias, de financiamento para que essas tecnologias cheguem ao pequeno e médio produtor, isso alavanque a toda a economia regional”
RECEITA PODE CHEGAR A 17 BILHÕES

Adilson Reis, especialista em mercado de cacau, lembrou que a África responde por 72% da produção mundial, enquanto o Brasil apenas 5% e ainda assim a valorização das amêndoas que em 2023, com um preço médio de R$ 266,24 a arroba gerou uma receita de 1 bilhão e 880 milhões de reais no Sul da Bahia, em 2024, com o preço médio de R$ 783,85 a arroba, a receita atingiu 5 bilhões e 530 milhões de reais. “Com a ampliação do projeto Cacau 500@ + Sustentável, caso atingirmos a produção de 50 arrobas por hectare, a receita com o cacau pode chegar a 17 bilhões de reais”, disse Adilson,
Atualmente, a Bahia possui 423 mil e 200 hectares de cultivo de cacau, com uma produtividade média de 16,7 arrobas por hectare.
O encontro teve o apoio da TV Santa Cruz e Prefeitura de Itabuna.