O Brasil que embarga o certo e fecha os olhos para o clandestino
Como a burocracia ´trava´ investimentos no setor hoteleiro

Cleber Isaac Filho
 Este texto não é contra o licenciamento ambiental. É contra a burocracia lenta, desorganizada e politizada que transforma processos necessários em obstáculos para quem age corretamente.
Este texto não é contra o licenciamento ambiental. É contra a burocracia lenta, desorganizada e politizada que transforma processos necessários em obstáculos para quem age corretamente.
Os fiscais e técnicos ambientais são honestos, dedicados e competentes, mas o sistema pune quem faz certo e favorece os clandestinos.
A falta de sintonia entre Ministério Público e órgãos ambientais cria situações absurdas: empreendimentos licenciados após uma década de estudos podem ser embargados, anulando anos de planejamento.
Enquanto isso, a população — especialmente classes C e D — perde oportunidades de emprego e capacitação que esses projetos poderiam oferecer.
Warapuru: o luxo que parou
Local: Itacaré (BA)
Área ocupada: <10% do terreno
Status: abandonado após 10 anos de licenciamento
Arquitetura internacional, capital estrangeiro, empregos e capacitação para a comunidade local. Mas uma década de embargos e revisões legais deixou o resort parado.

Txai: o sonho que ficou em Itacaré
Idealizador: Renato Guedes
Locais planejados: Trancoso, Salvador, Santa Catarina
Área ocupada: <10% do terreno
Status: permanece apenas em Itacaré
O sonho de expansão travou diante de licenças suspensas, processos e burocracia. Hoje, o Txai é um sucesso isolado, mas cercado por um sistema que não permite crescer.

Barracuda: paciência e resultado
Local: Itacaré (BA)
Licenciamento: 10 anos
Inauguração: 2019
O hotel é referência de turismo sustentável e capacitação de mão de obra local, mostrando que é possível conciliar preservação, economia e desenvolvimento social.
Box de destaque:
“Enquanto empreendedores aguardam 10 anos por licenças, quem desmata milhares de hectares ou atua como madeireiro ilegal muitas vezes não enfrenta punição efetiva.”
Costão do Santinho: preso enquanto a floresta some
No Sul do país, o empresário ligado ao Costão do Santinho Golf Resort chegou a ser preso por suspeitas de irregularidades, enquanto madeireiros ilegais que desmatam milhares de hectares quase nunca enfrentam prisão.
Angra dos Reis e Una: judicialização que paralisa
- Angra dos Reis: Isla Privilège e Angra One receberam licenças, mas foram embargados devido à falta de sintonia entre órgãos e MP. Resultado: áreas lindas, mas vazias, enquanto ocupações irregulares avançam.
- Una (BA): resort planejado por Armínio Fraga, ocupando <10% do terreno, foi abandonado após invasão de indígenas. Poderia gerar emprego e capacitação, mas foi travado por conflitos legais e políticos.
Boipeba: 10 anos de espera
Empreendedores: Armínio Fraga e José Roberto Marinho
Área ocupada: 3–20% da ilha
Licenciamento: 10+ anos
Status: embargado pelo MPF
Loteamentos clandestinos avançam, enquanto projetos planejados aguardam mais de uma década para autorização.
O Brasil do embargo
Esses projetos planejavam menos de 10% de ocupação, preservar a maior parte do território e gerar emprego e capacitação.
Mesmo assim, foram travados por lentidão, burocracia e decisões contraditórias.
O país precisa de órgãos ambientais ágeis, técnicos e coordenados, capazes de decidir com transparência e previsibilidade.
Frase de impacto:
Licenciar não é embargar — é planejar.
Enquanto o Brasil não compreender isso, continuará sendo o país que embarga o próprio paraíso.
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Cleber Isaac Filho e– Administrador de empresas, cursando MBA em Direito e Sustentabilidade. Possui 30 anos de experiência na área turístico-imobiliária.

 
				 
    





