O capítulo desta terça-feira (13) da novela Renascer, da Rede Globo, abordou temas com grande impacto na lavoura cacaueira do Brasil; a importação de cacau africano onde crianças trabalham em condições análogas a escravidão e a manipulação de preços pela indústria moageira.
Numa das cenas, o motorista da van que transportava os José Venâncio e José Bento de Ilhéus (outra vez a belíssima ponte Jorge Amado aparece com destaque) para a fazenda de José Inocêncio fala como a importação de cacau é prejudicial aos produtores, com manipulação de preços e, por vias indiretas, incentivo ao trabalho infantil e como a crise da lavoura cacaueira nos anos 1990 e 2000 atingiu a todos, pobres e ricos.
Em outra cena emblemática, um diálogo entre José Inocêncio de José Bento, numa roça do cacau, volta a abordar a questão dos preços impostos pelas indústrias. Enquano um José Inocêncio conformado chega a agradecer as indústrias por comprar a produção, um José Bento inconformado defende que o cacau de qualidade deve ter preços menores, uma tendência que após muita luta e muito trabalho de produtores como João Tavares e Luciano Lima (premiados como as melhores amêndoas do mundo), começa a se confirmar, ainda que longe do ideal.
Veja as cenas:
MOBILIZAÇÃO DA ANPC
A presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cacau, Vanuza Barroso destaca que “Renascer vem abordando importantes questões sobre a produção, o comércio e a indústria do cacau. “Concedi uma longa entrevista aos produtores da novela, ainda em 2023. Tive a oportunidade de expor a atual conjuntura da cacauicultura. Fiquei extremamente contente, já que recentemente, dois diálogos foram marcados por discussões importantes sobre a maneira como o produtor enfrenta a importação de amêndoas africanas e a consequente pressão da indústria junto aos cacauicultores brasileiros”. “Esperamos que a pauta tratada na novela se transforme em uma discussão nacional, no âmbito político, econômico e social. Com a palavra, nossos representantes”, diz a presidente.
Vanuza explica ainda que no mês de setembro de 2023, a pauta da importação foi apresentada de forma oficial ao Ministério Público Federal (MPF). “Ingressamos no MPF e participamos de duas audiências com os procuradores, já que não obtivemos êxito no meio político para a suspensão da importação do cacau africano. Sabemos do poder da indústria em organização e economicamente, porém, cremos que ninguém está acima da lei. Temos esperança de que conseguiremos a reavaliação da IN125”, finalizou.
Fotos e vídeos de Renascer : reprodução Rede Globo