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Cacau e opressão: o sabor amargo por trás do chocolate

De R$ 1.000 a R$ 330 — a oscilação do cacau revela um mercado dominado por quatro gigantes e milhões de produtores oprimidos

Cleber Isaac Filho

Em março de 2024, o preço do cacau bateu recorde histórico — e o título da nossa coluna foi:

“Preço do Cacau Bateu Recorde, e Isso Não é Motivo para Euforia”

Em maio de 2024, o preço caiu de R$ 1.000,00 para R$ 500,00, e, como previmos no portal www.cacauechocolate.com.br, a euforia sumiu. Hoje, em novembro de 2025, o valor está em torno de R$ 330,00.

Mas também não é motivo para depressão.

Precisamos fortalecer o cooperativismo e exportar diretamente a R$ 500,00, como fez a Coopercabruca.
Assim, a cultura do cacau continua economicamente viável, garantindo salários dignos, condições de trabalho justas e, principalmente, a preservação do sistema florestal que protege o entorno das fazendas.

Quem deveria estar em depressão é o povo africano — e todos nós que temos consciência — pela forma como Nestlé, Cargill e Barry Callebaut vêm conduzindo o mercado de cacau na África.

Apenas os ingênuos ainda acreditam que o preço do cacau é “definido pela Bolsa”.
A verdade é que, em Gana e Costa do Marfim, o preço é tabelado pelos governos locais, e hoje está bem abaixo do valor real de mercado, distorcendo todo o sistema global.


Explicando em números:

70% do cacau do mundo é produzido por esses dois países.

90% do cacau do mundo é comprado por apenas quatro empresas.

E quem define o preço nesses países?

O governo.

Somente ele pode comprar e revender às grandes indústrias — e proíbe que cooperativas estoquem o produto.

Quarenta cooperativas foram fechadas recentemente por esse “crime”.

Ou seja, o governo controla toda a venda para as quatro gigantes multinacionais.

Agora, pense:

Qual a chance de haver “ruídos” na relação entre governos africanos e empresas que compram 90% do cacau do planeta?

Enorme.

E o resultado é o que vemos: preços achatados, produtores oprimidos e mercados manipulados.

Só há uma saída:

A união internacional de produtores — brasileiros e africanos — para mobilizar a Organização Mundial do Comércio, os Ministérios das Relações Exteriores e a ONU, que desde os anos 1990 já denuncia trabalho escravo e infantil na região.

Mas isso só vai acontecer se você, que ama chocolate, apoiar essa causa.

Cleber Isaac Filho é Administrador de Empresas; bisneto, neto e filho de produtores de cacau;
Produtor do programa Economia Verde desde 2018; graduando em Direito e Sustentabilidade pelo Ibrades.

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